Olhar de esperança
Philip era um garoto comum, filho único, morava com os pais, mas tinha uma mania estranha: sempre que seu pai saía, o pequeno corria para a janela de seu quarto e ficava observando-o caminhar. “Velando os passos do pai.” Dizia sua mãe. Philip o observava até ele virar a esquina, depois disso não conseguia mais vê-lo. Só restava ao garoto esperar na janela por sua volta.
Na manhã do seu aniversário de 5 anos, o pai o chamou e perguntou-lhe o que queria de presente. Philip respondeu olhando em seus olhos: - Gostaria de ganhar um binóculo, pois assim poderei observá-lo mesmo, pois que o senhor virar a esquina, por mais longe que esteja, poderei vê-lo. -E sorrindo completou- Onde estiver.
O Pai muito emocionado saiu, e o menino correu à janela para acompanhar os seus passos. Olhando-o mesmo de longe o menino achava-se capaz de protegê-lò, pois acreditava que enquanto o seguisse com seus olhos nada de mal poderia acontecer. E assim que o pai virou a esquina o menino abaixou os olhos.
A manhã se passou o sol já lançava seus últimos raios de luz e o céu estava amarelo cansando, quando da janela o menino viu uma viatura da polícia passando rápido. Pouco depois Philip escutou o telefone tocar, em seguida a voz alterada de sua mãe chorando. O garoto viu sua vizinha saindo de casa e vindo apresada para casa dele. Depois batidas rápidas na porta, a porta sendo aberta, a voz de sua vizinha e por fim a porta se fechando, Philip viu sua mãe saindo correndo, sem nem se quer olhar para traz, e sumindo ao virar a esquina. Depois silêncio. E Philip ouviu passos... Passos indecisos na escada.
A vizinha sobe, vai ao quarto do garoto, tenta conversar com ele, tirar sua atenção da janela, até leva docinhos para ele. Os convidados chegam, a vizinha desce, alguns garotos sobem, brincam no quarto. Mas Philip, não tira os olhos da janela, alguns minutos depois Philip desce com os outros garotos, canta os parabéns e antes de soprar as velinhas, sussurra bem baixinho: - Onde estiver...
As horas se passam, convidados foram embora,ficaram apenas a vizinha uma tia do garoto, e ele que sentado na janela adormeceu, com o canto da boca suja de bolo. O sol já se mostrava esplendoroso no céu, a luz já agredia os olhos do garoto, quando sua mãe chegou. Ela saiu pálida do carro de um amigo, entrou pela porta como um fantasma, subiu as escadas como se flutua se, bateu na porta com delicadeza, entrou, sentou- se no canto da cama como se tivesse acuada, e falou como se sentisse dor:
- Filho, ontem de tarde... - Ela levou a mão ao rosto, enxugou uma lagrima que caia, e voltou a falar:- Quando seu pai voltava para casa, houve um assalto no ônibus em que ele estava, seu pai entregou tudo aos bandidos, só não entregou uma coisa, e por isso foi baleado. - Ela abaixou a cabeça, respirou fundo pôs as mãos no rosto, e completou dizendo: - E ele... Morreu a caminho do hospital.
E com os olhos fixos na janela, mas banhados em lágrimas. O menino perguntou: - Mas o que ele não entregou? Porque, não entregou? A mãe levantou a cabeça e olhando para a janela, respondeu: - Era um presente, Philip ele não entregou por que era o seu presente, um binóculo.
A partir de então o menino sentava-se na janela todos os dias... Como uma assombração, seu triste olhar vagava pelas calçadas da rua, entre os sorrisos das crianças que brincavam. Sua mãe todos os dias ai até o quarto do menino batia na porta , implorava para que ele à abrisse, implorava também para que ele se alimentasse, depois dizia que o amava, e saia para trabalhar... Assim passaram- se duas semanas, até o inicio das aulas, neste dia a mãe preparou um café da manhã bem caprichado, foi ao quarto do garoto, bateu na porta e gritou para que ele á abrisse, ela gritou por ele novamente, esperou... E nada, nenhum barulho... então como último ato de desespero, ela chamou um chaveiro para abrir a porta do quarto. Quando os dois entraram, encontraram, Philip de cotas sentado na cadeira , parecia descansar a cabeça sobre o ombro de frente a janela. Ela chegou mais perto, tocou em seu ombro que estava frio e duro, chegou mais perto e viu, que seu corpo estava um pouco queimado pelo sol, seus olhos já estavam abertos... Mas já sem vida.
Acredita-se que finalmente Philip tenha visto seu pai virando a esquina com o presente debaixo do braço, e parando em frente à casa, e olhando para ele ...E o menino na emoção de correr em direção à ele, para abraçá-lo,nem tenha percebido que ao caminhar na rua de mãos dadas com seu pai e admirando o novo brinquedo... Alguém o observava de longe com um olhar de esperança.
Autora:Ana Mistye
Nenhum comentário:
Postar um comentário